quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O que será que o futuro nos reserva?

 A medicina científica tem tido imensos progressos na decodificação do funcionamento do corpo, e descobriu curas ou prevenções eficazes para muitas das doenças que assolaram os seres humanos no decorrer da história. Sob alguns aspectos, a medicina voltou ao que originalmente era. Assim como os antigos curandeiros, os médicos de hoje fazem recomendações relacionadas a dieta, exercícios físicos e estilo de vida como parte do tratamento médico.
Por que formas alternativas de medicina sobrevivem? Por que nossa paciente em Ladakhi (lembra-se dela?) procurou primeiro o shaman e/ou o clínico tradicional antes de se consultar com um médico no hospital? Por que tantos americanos e europeus buscam remédios nas medicinas tradicionais chinesa e indiana?
Em primeiro lugar, a medicina atual de alta tecnologia é incrivelmente cara. Os custos são tão altos que a questão de como pagar por ela domina as discussões políticas no mundo ocidental. Isso vale tanto para países nos quais o governo financia a saúde quanto para outros, notadamente os Estados Unidos, onde o sistema é basicamente privado e o acesso à saúde é bastante desigual. Em outras partes do mundo, os pacientes normalmente pagam mais para se consultar com um médico do que com outros tipos de clínicos.
E esse médico, principalmente nas áreas mais remotas, não tem acesso a boa parte da tecnologia ou dos medicamentos caros que transformaram a saúde no mundo ocidental. Aquelas pernas mecânicas impressionantes não são uma opção realista para a população de países pobres ou para pessoas pobres em países ricos. É necessário buscar outras soluções. Uma delas é um dispositivo chamado pé Jaipur—um pé simples, mas eficaz, feito principalmente de borracha, inventado por médicos na Índia. Da mesma forma, grandes esforços têm sido feitos para se levar medicamentos contra a AIDS a preços baixos para as milhões de pessoas infectadas pelo HIV na África.
Em segundo lugar, a medicina moderna é extraordinariamente especializada. Existem muito mais especialidades médicas do que se mencionou aqui. Outras áreas incluem endocrinologia (que trata de glândulas e hormônios), urologia (rins e trato urinário) e gastroenterologia (sistema digestório), para citar alguns. Os pacientes normalmente são encaminhados de um especialista para outro, sem um médico específico acompanhando todo o processo. Os médicos de antigamente podem não ter tido o conhecimento ou as ferramentas para curar os pacientes de suas doenças, mas sentavam-se ao lado do paciente no leito e ofereciam um conforto que faz muita falta na prática da medicina de alta tecnologia de hoje.
Essa abordagem fragmentada ao tratamento tem levantado interesse, até mesmo no mundo ocidental, pela abordagem mais holística da medicina tradicional. Também é verdade que algumas pessoas, no ocidente, encaram as doenças e a recuperação sob uma perspectiva sobrenatural. A cura através da fé é parte da tradição cristã, embora o número de fiéis que acreditam nisso seja limitado. Portanto, não é apenas em regiões remotas ou menos desenvolvidas do mundo que as três tradições de cura continuam a coexistir. Alguns médicos formados no ocidente estão agora aprendendo os métodos tradicionais, os quais praticam em conjunto com a medicina moderna. Empresas farmacêuticas estão pesquisando os compostos ativos dos medicamentos fitoterápicos tradicionais.
A ciência ainda tem importante doenças para dominar. Apesar dos avanços em muitas áreas, as doenças cardíacas e o câncer ainda matam muita gente. E novas doenças surgem de tempos em tempos, como a gripe aviária. A ameaça de variações de doenças antigas também permanece. Os epidemiologistas continuam a se preocupar com o surgimento de uma gripe particularmente virulenta, como aquela de 1918-19, que matou entre 50 e 100 milhões de pessoas ao redor do mundo.
O meio ambiente, claro, é outro fator. A poluição do ar, da água, alimentos adulterados, lixo tóxico, o perigo dos pesticidas, o que você quiser—afetam a saúde de uma forma ou de outra. Muitos desses fatores são citados como causas de câncer. O efeito do aquecimento global sobre a saúde das pessoas é desconhecido, mas uma Terra mais quente irá propiciar um ambiente ainda mais hospitaleiro para mosquitos e todas as doenças que eles carregam. A medicina tem um longo e árduo trabalho pela frente.

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